O ex-vice-prefeito de Boa Esperança, no Noroeste do Espírito Santo, Valdir Ramos Mattusoch, conhecido como Valdirim, de 68 anos, virou réu acusado de agredir a agora ex-companheira dele, a ex-conselheira tutelar do município Ireny Maria de Assis Mattusoch. O crime ocorreu na madrugada do dia 7 de setembro, na casa do casal, em São José do Sobradinho, zona rural de Boa Esperança. Segundo o boletim de ocorrência da Polícia Militar, obtido pela Rede Notícia, Valdirim deu socos no rosto da vítima e tentou enforcá-la. Ele foi preso na época.
Segundo o boletim, por volta de 02h31 do dia 7 de setembro, uma viatura da PM foi até o distrito de Sobradinho após a informação de que uma mulher teria sido agredida pelo companheiro. Ao chegarem ao local, os policiais encontraram Ireny com uma lesão visível no rosto, sendo socorrida a um hospital.
A vítima relatou aos policiais militares que estava em uma festa na cidade de Boa Esperança na noite do dia 6 de setembro e, em determinado momento, comunicou ao marido que queria retornar para casa. No entanto, Valdirim não concordou. Assim, ela pediu ao sobrinho que a levasse, o que foi feito.
Mais tarde, quando Valdirim chegou em casa, segundo o boletim de ocorrência, ele passou a discutir com a vítima, demonstrando descontentamento pelo fato de ela ter retornado sem ele. A discussão evoluiu para agressão física, conforme o documento. Valdirim deu socos no rosto da mulher e tentou enforcá-la. Ele foi preso em flagrante e levado na “gaiola” da viatura, sem algemas.
A Polícia Civil informou que o suspeito, conduzido à Delegacia Regional de Nova Venécia, “foi autuado em flagrante por lesão corporal e ameaça, ambos na forma da Lei Maria da Penha. Após os procedimentos de praxe, ele foi encaminhado ao sistema prisional”.
A Secretaria de Estado da Justiça (Sejus), que administra o sistema prisional no Espírito Santo, informou à reportagem que Valdirim deu entrada no sistema prisional no dia 7 de setembro e recebeu liberdade provisória no dia seguinte, após passar por audiência de custódia. Ele teve de pagar fiança, cujo valor não foi informado.
No dia 8 de setembro, o juiz da custódia, Getter Lopes de Faria Júnior, impôs ao réu medidas protetivas de urgência para resguardar a vítima:
“Observo que o comportamento do requerido trata-se de violência física e psicológica contra a vítima Ireny Maria, causando-lhe danos emocionais e colocando em risco sua integridade psíquica. A prisão em flagrante traz indícios fortes de violência familiar praticada pelo autuado. Impõe-se ao Judiciário efetivar as medidas necessárias para garantir proteção à vítima”, argumentou o magistrado.
O processo corre em segredo de Justiça. A Rede Notícia teve acesso à decisão que acolheu a denúncia do Ministério Público contra o ex-vice-prefeito, tornando-o réu.
Na decisão, datada de 20 de outubro, o juiz Ivo Nascimento Barbosa argumenta que recebeu a denúncia “por haver prova da existência do crime e indícios suficientes de autoria”.
Em nota, o Ministério Público do Estado do Espírito Santo (MPES), por meio da Promotoria de Justiça de Boa Esperança, informou “que ofereceu denúncia em face do acusado pelos crimes de lesão corporal e ameaça praticados no contexto de violência doméstica e familiar, previstos nos artigos 129, §13º, e 147, §1º, do Código Penal, com aplicação da Lei nº 11.340/06. A denúncia foi recebida pelo Poder Judiciário, e segue agora o regular andamento da ação penal”.
Valdirim foi vice-prefeito de Boa Esperança na gestão do então prefeito Lauro Vieira, de 2016 a 2020. Antes de ser eleito vice-prefeito, ele foi vereador e presidiu a Câmara Municipal mais de uma vez.
Defesa
Procurado pela reportagem, o ex-vice-prefeito passou o contato de sua defesa. Em nota, a advogada do réu, Natália Zanotti Zampirollo, disse que “o acusado nega ter agredido ou ameaçado sua ex-esposa e afirma que o casal manteve um relacionamento de mais de trinta anos sem histórico de violência. Segundo ele, no dia dos fatos, ambos estavam na feira agropecuária da cidade acompanhados de familiares, e não houve qualquer discussão. A ex-esposa decidiu ir embora mais cedo com o neto”, diz a nota.
Segundo a versão da defesa do ex-vice-prefeito, “o acusado, ao retornar para casa, foi recebido pela ex-companheira com socos e chutes, sendo que, durante os atos impulsivos da ex-companheira, ambos acabaram caindo da cama sobre um criado-mudo, o que teria causado escoriações em ambas as partes”.
Por fim, a nota diz que “aos 68 anos, o acusado afirma ter vida pública e reputação respeitadas, sem antecedentes criminais. Foi vereador por quatro mandatos, presidente da Câmara em dois períodos, vice-prefeito e prefeito interino. Ele sustenta que as acusações não condizem com sua trajetória e nega qualquer ato de violência”.
(Fonte: Rede Notícia)
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